Que domingo é um dia muito maldito, acho que não há dúvidas. Como se não bastasse para todo mundo a deprê de ligar a televisão e ver o empacotado gordo paulista do faustão, ainda tem de quebra, o maldito fantástico com o machão do Zeca Camargo, para acabar de vez com o domingo.
Se isso fosse apenas todo meu problema. Mas essa vida de solteiro é terrível de vez em quando. Tem dois filmes que estou querendo ver e não consigo companhia para ir assistir. Abrindo um parenteses, apenas mulheres conseguem ir ao cinema sozinhas. O pior disso tudo é que realmente quero ir ao cinema para ver o filme e não para uns amassos de leve.
Ir também com outro homem ao cinema, é pelo menos estranho. Já imaginou como seria o convite? Um amigo chamando o outro pro cinema, no mínimo o outro amigo ia perguntar se ele se descobriu agora.
Mas calma, o Rio de Janeiro ainda não anda em falta de mulheres disponível e nem creio que um dia venha a ter. Apenas não estou querendo ir no cinema com o que um amigo meu, carinhosamente, chama de "barrinho"*. Ando sem nenhuma paciência para barrinhos. Fora que tem os "Barros-Burros", que você quase tem que ser uma Elisabete Hart, que Deus a tenha e traduzir simultaneamente o filme para o Barro entender. As legendas são rápidas demais, segundo elas.
Consigo identificar duas soluções para esse meu grande problema. Uma seria criarem um cinema de solteiros. Falando nisso, tem um tio meu, que trabalha na CET-Rio, que já conseguiu se dar bem dentro do cinema. Mas ele nunca conta o segredo do seu sucesso. A outra solução, bem mais simples, é beber no domingo. O problema é ir trabalhar na segunda-feira de cabeção.
*Barrinho é aquela mulher que você sabe que não vai dar em nada, não tem coragem de apresentar à família, mas mesmo assim, quando a maré não tá nada boa, você recorre a ela.