sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Projeto Filé 2009 - Bem passado

No último domingo, fui com uns amigos fazer um passeio de barco. Coisa de gente pobre, que não tem amigo rico de lancha bacana. O combinado era reunir o pessoal às 10:30am na Urca, ao lado do forte (se fosse rico, saíra do Iate clube). Não preciso mencionar o quanto árduo é o trabalho de acordar cedo para mim. Principalmente num domingo. Mas como confirmei presença, contavam comigo, ou com meu dinheiro. Fato inédito e de extrema relevância, cheguei pontualmente no lugar marcado! Mas meu amigo, organizador do evento, demorou mais de 1 hora. Só pensei na hora de sono que porderia estar dormindo. Palavras de baixo calão me vieram a cabeça. Poupando a mãe dele, que conheço e gosto muito, ataquei sua masculinidade.

O barco chegou. Como esperado, não era nenhum iate. Mas também não era aquele navio negreiro, que tem aos montes em Arraial do Cabo para passeio. Lá a mulher mais horrorosa do barco, tem que ir na frente. Ela deve ir se achando a Katie Winslet em Titanic. Quem está de fora, acha que é uma carranca.

A comida era individual e cada pessoa levava o que iria consumir. Por um lado foi bom para me ajudar a ficar nas nomas do Projeto Filé. Por outro, tive que pensar em o que levar e ainda ter que preparar. Resolvi levar além de maçãs, uns sandubas bem esquisito com broto de alfa, para não motivar ninguém a querer. Mas quiseram...  

No meio da navegação o pessoal, com fome, começa abrir chocolates e sacos de biscoitos. Isso na parte da frente, por que atrás ficava a galera do enjôo. Doritos, Pringles, Bono... só tentação. Bravamente me mantive com as maçãs. Chegando ao destino, ilha comprida no arquipélago das Cagarras, foram todos para água. Aproveitei que estavam todos na água e também entrei. Procurei ficar no meio do pessoal, caso aparecesse algum peixe com fome, não seria a primeira opção. Arrependi de não ter levado uma camara de caminhão. Fiquei com inveja da rapaziada de Iguabinha na lagoa de Araruama. Graças aos 25% de gordura medidos pelo fofolete da academia, não tive dificuldade em boiar.

Voltei para o barco e nesse momento o mormaço que fazia havia aberto, dando espaço para o sol. Que bom! Pegar um solzinho e ficar mais moreno vai contribuir no Projeto Filé. Levei um tempo para perceber que precisava de um protetor. Normalmente não uso, por ser homem, elemento macho. Mas tive que ceder e passar por grande insistência de terceiros. Acho que já era tarde, quando passei o protetor. Todos diziam que estava muito vermelho. E toma de mais protetor, como se naquele momento fosse resolver alguma coisa. Turned the foda-se on e relaxei.

Quando estávamos perto de chegar, o barco manobra e faz a volta. Foi socorrer um outro barco, que havia quebrado ali perto. O outro barco era um pouco menor que o nosso e deveria ter a mesma quantidade de gente. Mas todos eram homens, com jeito que tinham acabado de puxar uma laje. Um amigo, sob o puro e elegante efeito do álcool, ainda pergunta para um fera do outro barco: "- Manda manga ai!". O caboclo faz cara de ponto de interrogação, não entendendo nada. Explico rapidamente ao meu amigo, que aquilo que o caboclo segurava, era um pão francês. Além do álcool ainda tinha o balanço do mar, dei um desconto para o meu amigo.  

Dia seguinte, até a minha alma estava vermelha. Como era segunda-feira e fico sem paciência nas segundas, preparei um texto curto, explicando por que estava daquele jeito e fui para o trabalho. O texto foi utilizado inúmeras vezes. Se tivesse impressora em casa, tinha feito panfletos explicativos. Assim me poupava de falar alguma coisa. A noite tive dois problemas para dormir: ardia as costas e a barriga. A cara coçava muito, sinalizando que iria descascar. Não deu outra. Não tive nem tempo de tirar uma foto moreninho. Já começou o processo de  descascar. 

Depois disso tudo chego na seguinte conclusão. Não sou uma pessoa equilibrada. Tá bom que você e o Orkut inteiro já sabiam. Na verdade eu até desconfiava, mas não tinha certeza. Tudo que me proponho a fazer, faço muito além do necessário. Corri demais e ganhei tendinite na tal da pata de ganso. Fui pegar um solzinho, voltei que nem o Jornal dos Sports e agora parece que tenho vitiligo. Será que quando ficar mais velho, melhoro? 


Em tempo de carnaval. Conheci a historia que motivou o nome de um dos famosos blocos de carnavais carioca. Um dos fundadores do bloco estava contando para um amigo, uma história que tinha um cidadão extremamente feio. Então precisou especificar bem o individuo:

"- Pô!! Imagina um cara muito feio, feio mesmo, mas muito feio. Do tipo horrivel. Feio de doer. Imaginou? Então amassa!".

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Projeto Filé 2009 - Aqui jaz um par de pernas...

Celular insiste em mais uma manhã em tocar e lá vou eu tentando enganá-lo com o soneca. Mais uma vez ganha e guardo o troco para o sabádo e domingo. "Cadê??? Aonde elas estão?". Minhas pernas já não são mais as mesmas. Sinto dores absurdas e quando me levanto da cama, já percebo como será aos 83 anos de idade. Com meu vasto conhecimento em medicina, deduzo que meu ligamento cruzado anterior está inflamado (ainda me repetiram por 3 centésimos em biologia na setima serie).  

As dores são tantas que quando desço do ônibus, desço igual aquelas senhoras que fazem degrau por degrau. Primeiro um pé, depois o outro pé no mesmo degrau e assim vai. Sempre o motorista está com pressa e fica soltando aqueles punzinhos do ônibus. Começo a ver o mundo dos idosos com outros olhos, ou com as pernas para ser preciso. Nunca senti tanta dor nas pernas. Tinha vontade de espetar uma agulha pelo joelho, para tentar aliviar a dor. E com essa formidável idéia, decidi ir fazer acupuntura. Liguei no final do dia mas consegui marcar consulta para o dia seguinte. Sorte que eu conhecia um dos bons. Mas pensando bem, acho que não foi tanta sorte assim. Voltemos ao assunto. Em 2000 fiz um curso de shiatsu. Pois é, me inscrevo em tudo quanto é curso que aparece e gostei muito do professor. Retificando, gostei como ele conduzia a aula. Era um japinha coroa, que fala como japa. Troca a letra "L" pelo "R". Um Cebolinha ao avesso. Impossível não segurar o riso quando fala.  

Dia seguinte, ainda andando igual a minha avó com o seu andador, chego no consultório. Converso com o Japinha, que depois de um tempo lembra de mim do curso, ou fingiu muito bem que lembrava. Pega uma ficha com um desenho do corpo humano e começa a fazer um tipo de anamnese. Pede para eu tirar a camisa, o tênis, meias e deitar na maca só com a bermuda. Ansioso estava para saber o que ia acontecer. Normalmente não sou e me controlo bem. Mas naquele momento, confesso que estava e também estava me sentindo muito perdido. Deitado com a barriga para cima, solicita que jogue as duas pernas, retas, para cima, afim de verificar minha elasticidade. Não me perguntem para que. "Nossa, muito ruim!! Temos que encaixar melhor esse quadril!". Mais um que vai avacalhar com meu corpinho de pera williams. Segurando minhas pernas com uma das mãos, sentou umas palmadas em mim. Mas bateu com força mesmo. Estava esperando a hora dele gritar: "Vaaaaaaaaaiiii danado!". Mas ao invés disso, disse que estava gordo e forte. Não soube e ainda não sei se foi ofensa ou elogio. Mudei o pensamento e fiquei calado. Depois de algumas boas palmadas, pediu para fazer de novo o teste do alongamento. Com receio que ele achasse que ainda seriam necessárias mais palmadas, empurro as pernas com toda força. Quase não volto ao normal depois desse balé. Ele achou que ficou bom e perguntou da dor das pernas. Ainda estavam lá, mas tinha diminuído. Acho que as palmadas me distraíram e não dei muita importância as pernas.   

Chegou a tão esperada hora da acupuntura. Ele olha um quadro grande, com desenho do corpo humano e em seguida me pede para estender a mão direita. Esse negócio de acupuntura tem disso. Você tem dores no calcanhar direito, espetam uma agulha debaixo da unha do dedo mindinho esquerdo e sua dor vai embora. Acredito muito que a dor do dedo mindinho seja tão grande que esquece da dor do pé. Foi mais ou menos assim comigo. Enfiou a agulha na lateral da mão direita e me perguntou se doeu. Disse que só senti a picada da agulha. Wrong Answer!!! Ele diz que errou então. Era para ter gritado e dito que estava doendo muito. Completa que se tivesse acertado o lugar, tinha doido muito. Incrívelmente, ele tira e retorna a furar. Primeira ida a lua minha. Mesmo que não tivesse doído tanto, ia fingir. Mas doeu muito, tipo pra ******* a beça. Palavrões vieram a ponta da língua, mas com minha educação européia, segurei. Acho que ele leu meus pensamentos e disse que podia falar palavrão, pois eu era o último do dia e não iria assustar ninguém que estaria esperando lá fora. Não perdoei a mãe dele.

Depois de ter abusado da minha mão, passou a brincar com os pregos, longe daquilo ser agulhas, nos meus joelhos. Se na mão fui a Lua, nos joelhos estava com o capitão Kirk fazendo uma excursão pelas galáxia. Segurava a maca por baixo, com a duas mãos e tentava segurar a dor toda vez que enfiava as agulhas. Não somente enfiava, como rodava elas dentro do joelho. Parecia que estava fazendo um casaquinho de tricot. A sala estava com ar condicionado ligado, mas suava como sauna. Depois do joelhocídio, pede para levantar e ver se ainda sintia dor. Ainda doía muito. Mas não tinha mais coragem de dizer que não doia. Disse que ficou uma maravilha e que não entendi por que o Ronaldinho Fenômeno não tratou o joelho com ele. Respirei fundo e sai do consultório sem dar na cara, que ainda estava doendo absurdamente. 

No dia seguinte, apelei para o convencional. Fui num ortopedista que me receitou um antinflamatório, que de tão forte que era, tive que tomar junto com a comida na hora do almoço. Como sempre, também solicitei, que me desse um pedido de exame de sangue completo e de HIV (apenas para tranquilizar minha mãe). O ortopedista ainda pediu um exame de urina. Não me perguntem por que. Só que eu esqueci o potinho para a coleta da urina, no trabalho. Muito sabiamente, já em casa, peguei um frasco vazio de shampoo e guardei, para quando chegar no trabalho, encher o frasco certo que em deram para os devidos fins. Tinha lido no potinho, que a coleta deveria ser feita assim que acordasse e deveria desprezar o primeiro jato. Primeiro jato??? Quantos jatos acham que eu faço? Não pago parcelado não!!! Alias... lembrando aqui. Meu avô, que Deus o tenha, a noite, quando ia no banheiro, escutava ele mijando. Realmente ele pagava parcelado. Agora entendo. Na dúvida em separar o primeiro jato dos demais, comecei a encher o frasco de shampoo depois de sair bastante urina. O frasco do shampoo era de meio litro somente. Queria guardar o resto em outro recipiente, para nao desperdiçar, mas só tinha os copos de água daqui de casa. Achei que a água nao seria mais a mesma depois. Tive que desperdiçar. 

Chegando no trabalho. Minha amiga, que trabalha ao lado, me recebe com um matinal ponto de interrogação. Antes que perguntasse alguma coisa, expliquei: "Esqueci o potinho mas por sorte, achei esse frasco de shampoo.". A  cara de nojo veio muito depois das ofensas a minha inteligência. Ninguém falou que não podia usar o frasco de shampoo. Convencido de que a urina anti-caspa para cabelos ressecados, não poderia ser mais utilizada, joguei privada abaixo.

Tomo palmadas de japa, fico que nem Cristo com pregos no joelho, gasto meu tempo mirando o jato no buraquinho do frasco do shampoo e ainda tem a fisioterapia que vou começar. Tudo isso para o carnaval. Então... vai entender!