No último domingo, fui com uns amigos fazer um passeio de barco. Coisa de gente pobre, que não tem amigo rico de lancha bacana. O combinado era reunir o pessoal às 10:30am na Urca, ao lado do forte (se fosse rico, saíra do Iate clube). Não preciso mencionar o quanto árduo é o trabalho de acordar cedo para mim. Principalmente num domingo. Mas como confirmei presença, contavam comigo, ou com meu dinheiro. Fato inédito e de extrema relevância, cheguei pontualmente no lugar marcado! Mas meu amigo, organizador do evento, demorou mais de 1 hora. Só pensei na hora de sono que porderia estar dormindo. Palavras de baixo calão me vieram a cabeça. Poupando a mãe dele, que conheço e gosto muito, ataquei sua masculinidade.
O barco chegou. Como esperado, não era nenhum iate. Mas também não era aquele navio negreiro, que tem aos montes em Arraial do Cabo para passeio. Lá a mulher mais horrorosa do barco, tem que ir na frente. Ela deve ir se achando a Katie Winslet em Titanic. Quem está de fora, acha que é uma carranca.
A comida era individual e cada pessoa levava o que iria consumir. Por um lado foi bom para me ajudar a ficar nas nomas do Projeto Filé. Por outro, tive que pensar em o que levar e ainda ter que preparar. Resolvi levar além de maçãs, uns sandubas bem esquisito com broto de alfa, para não motivar ninguém a querer. Mas quiseram...
No meio da navegação o pessoal, com fome, começa abrir chocolates e sacos de biscoitos. Isso na parte da frente, por que atrás ficava a galera do enjôo. Doritos, Pringles, Bono... só tentação. Bravamente me mantive com as maçãs. Chegando ao destino, ilha comprida no arquipélago das Cagarras, foram todos para água. Aproveitei que estavam todos na água e também entrei. Procurei ficar no meio do pessoal, caso aparecesse algum peixe com fome, não seria a primeira opção. Arrependi de não ter levado uma camara de caminhão. Fiquei com inveja da rapaziada de Iguabinha na lagoa de Araruama. Graças aos 25% de gordura medidos pelo fofolete da academia, não tive dificuldade em boiar.
Voltei para o barco e nesse momento o mormaço que fazia havia aberto, dando espaço para o sol. Que bom! Pegar um solzinho e ficar mais moreno vai contribuir no Projeto Filé. Levei um tempo para perceber que precisava de um protetor. Normalmente não uso, por ser homem, elemento macho. Mas tive que ceder e passar por grande insistência de terceiros. Acho que já era tarde, quando passei o protetor. Todos diziam que estava muito vermelho. E toma de mais protetor, como se naquele momento fosse resolver alguma coisa. Turned the foda-se on e relaxei.
Quando estávamos perto de chegar, o barco manobra e faz a volta. Foi socorrer um outro barco, que havia quebrado ali perto. O outro barco era um pouco menor que o nosso e deveria ter a mesma quantidade de gente. Mas todos eram homens, com jeito que tinham acabado de puxar uma laje. Um amigo, sob o puro e elegante efeito do álcool, ainda pergunta para um fera do outro barco: "- Manda manga ai!". O caboclo faz cara de ponto de interrogação, não entendendo nada. Explico rapidamente ao meu amigo, que aquilo que o caboclo segurava, era um pão francês. Além do álcool ainda tinha o balanço do mar, dei um desconto para o meu amigo.
Dia seguinte, até a minha alma estava vermelha. Como era segunda-feira e fico sem paciência nas segundas, preparei um texto curto, explicando por que estava daquele jeito e fui para o trabalho. O texto foi utilizado inúmeras vezes. Se tivesse impressora em casa, tinha feito panfletos explicativos. Assim me poupava de falar alguma coisa. A noite tive dois problemas para dormir: ardia as costas e a barriga. A cara coçava muito, sinalizando que iria descascar. Não deu outra. Não tive nem tempo de tirar uma foto moreninho. Já começou o processo de descascar.
Depois disso tudo chego na seguinte conclusão. Não sou uma pessoa equilibrada. Tá bom que você e o Orkut inteiro já sabiam. Na verdade eu até desconfiava, mas não tinha certeza. Tudo que me proponho a fazer, faço muito além do necessário. Corri demais e ganhei tendinite na tal da pata de ganso. Fui pegar um solzinho, voltei que nem o Jornal dos Sports e agora parece que tenho vitiligo. Será que quando ficar mais velho, melhoro?
Em tempo de carnaval. Conheci a historia que motivou o nome de um dos famosos blocos de carnavais carioca. Um dos fundadores do bloco estava contando para um amigo, uma história que tinha um cidadão extremamente feio. Então precisou especificar bem o individuo:
"- Pô!! Imagina um cara muito feio, feio mesmo, mas muito feio. Do tipo horrivel. Feio de doer. Imaginou? Então amassa!".