Rio de Janeiro, quarta-feira às dezoito horas entro na estação do Flamengo rumo a estação Del Castilho, onde iria pegar uma carona para o chopp com antigos amigos do colégio na Barra da Tijuca.
Todo mundo sempre reclama dizendo que nesse horário o metrô, na linha 1, fica insuportavelmente cheio em direção a zona norte. Paguei, literalmente, para ver.
Como disse, entrei na estação do Flamengo. Não tinha lugares disponíveis para sentar e já tinha um pessoalzinho em pé. Para se chegar na estação de Del Castilho, teria que fazer a baldeação (transfer para quem é chique) na estação da Estácio para a linha 2. Como não sabia qual dos dois lados do trem deveria descer, fiquei no meio do vagão. Muito boa escolha! Assim poderia perceber mais de perto, o que queriam dizer com metrô cheio.
Não demorou muito para o vagão ficar animado. Duas estações depois que entrei, já estava catando as costas de alguém, para colocar as minhas e assegurar, que meus fundos não seriam afetado pela crise, que estaria por vir. Na primeira estação do centro, Cinelândia, o pessoal que estava fora e queria entrar, precisou de um pouco mais de um simples "Dá licença" para entrar na festa.
Nesse momento vi ao meu lado, uma mulher que estava com um velho por trás dela. Ela lamentava muito não ter pego um ônibus. E o velho lamentava muito não ter 40 anos a menos. Assim como ela, vi outras mulheres no vagão serem pegas de surpresa por essa tsunami de gente entrando no metrô.
Na estação da Carioca só faltaram gritar "Perdeu playbloy!". Pessoal entrou na pressão. Aonde tinha espaço disponível, não faço a menor ideia. Reavalio o que aprendi em física, sobre dois corpos não ocuparem o mesmo lugar no espaço.
Na pressão completa, o metrô foi assim até a estação Estácio, onde soltei para fazer a maldita baldeação. Chegando na linha 2, o metrô foi cheio, mas nada comparado ao que tinha passado. Até agora, ainda estou me perguntando por que as pessoas querem segurar as malditas barras de proteção? Acham elas que podem cair? Elas podiam levantar os dois pés do chão que ainda não iam cair.
O melhor dessa jornada toda, foi quando a porta do metrô abriu na Carioca e veio aquele mundo de gente se debatendo e me surge uma voz no auto-falante, meiga e doce: "Ao embarcar, dirija-se ao centro do carro".